segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Metrô na Barra da Tijuca

Transporte deve receber US$ 5,5 bilhões

05/10/2009 - Valor Econômico

Os investimentos totais previstos pela candidatura vitoriosa do Rio de Janeiro a sede dos Jogos Olímpicos de 2016 somam US$ 14,4 bilhões, dos quais US$ 11,1 bilhões serão destinados a obras de infraestrutura com recursos públicos e privados, embora haja ceticismo entre analistas quanto ao tamanho da participação privada. Um dos maiores desafios será expandir e aperfeiçoar o sistema de transporte de massa, hoje baseado no uso de ônibus. Mas, em paralelo, há grande otimismo nos setores de construção e de hotelaria com as perspectivas de negócios.

Só em transportes estão previstos investimentos de US$ 5,5 bilhões, incluindo ferrovias, metrô, ônibus e aeroportos. O secretário de Transportes do Estado, Julio Lopes, disse que um dos eixos da proposta do Rio é implantar faixas exclusivas de ônibus articulados. O objetivo é desenvolver duas linhas: uma da zona sul até a zona oeste e outro dali até a zona norte. Segundo Lopes, a construção da linha 4 do metrô, que ligaria bairros da zona sul (Ipanema, Leblon e Gávea) até a Barra da Tijuca, na zona oeste, não foi incluída como compromisso oficial.

Se quis mostrar algo que fosse possível de entregar, o que nos permitiu ganhar credibilidade para a candidatura, disse Lopes. Mas na verdade vamos entregar mais do que o contratado, uma vez que há o compromisso do governo do Estado de fazer a linha 4 do metrô para a Copa de 2014. A linha 4 vai exigir investimentos de cerca de R$ 3 bilhões. A estimativa é de que essa linha permita transportar mais 240 mil passageiros por dia.

Joubert Flores, diretor de relações institucionais do Metrô Rio, concessionária do sistema metroviário carioca, defendeu o projeto da linha 4 do metrô, cujo modelo de construção e operação, em estudo pelo governo do Estado, ainda não está fechado. Ele disse que a implantação de duas linhas de ônibus com faixas exclusivas só se justifica se não houver capacidade de criar a nova linha do metrô. A ideia de levar o metrô da zona sul do Rio até a Barra da Tijuca existe há mais dez anos. Agora a ideia seria mudar o traçado da linha 4, ligando-a à estação do metrô em Ipanema, a ser inaugurada em dezembro, o que garantiria quase o dobro de passageiros.

Amin Murad, presidente da Supervia, a concessionária de trens metropolitanos do Rio, disse que na proposta do Rio para os jogos estão previstos, até 2015, a compra de 120 novos trens, a reforma de outras 94 unidades e a remodelação de 89 estações. Esses investimentos vão permitir atender 1,5 milhão de passageiros por dia. Hoje o sistema de trens urbanos do Rio transporta 500 mil passageiros por dia útil.

O presidente do Sindicato da Indústria da Construção do Rio de Janeiro (Sinduscon-RJ), Roberto Kauffmann, disse que os Jogos Olímpicos deverão gerar para o setor investimentos adicionais de R$ 2 bilhões por ano até a realização do evento. Segundo cálculos da entidade que Kauffmann preside, para cada R$ 2 bilhões, 84 mil novos empregos no setor serão gerados, mas eles não serão necessariamente cumulativos, dependendo do tempo de execução de cada projeto. Kauffmann disse que R$ 2 bilhões por ano representarão aproximadamente de 25% a 30% do que o Estado do Rio de Janeiro receberá este ano em investimentos na construção com recursos da caderneta de poupança e do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), calculados em cerca de R$ 7,5 bilhões (cerca de 15% dos R$ 50 bilhões que serão investidos, segundo ele, em todo o Brasil).

Para o presidente do Sindicato Nacional da Construção Pesada (Sinicon), Luiz Fernando Reis, a herança do Pan-Americano de 2007 em termos de equipamentos esportivos, somada ao que será feito para a Copa do Mundo de 2014 vai fazer com que a maior parte dos investimentos em construção para 2016 seja em obras de infraestrutura. Será a última oportunidade de se fazer uma grande reforma urbana no Rio de janeiro, disse. Para ele, obras como uma linha do Metrô da zona sul à Barra da Tijuca (zona oeste), a despoluição da Baía de Guanabara e a revitalização do porto tornam-se obrigatórias.

A Olimpíada de 2016 no Rio vai fomentar investimentos da ordem de R$ 3 bilhões somente na criação de novas unidades hoteleiras, segundo o diretor da Associação Brasileira da Indústria Hoteleira (Abih), Alexandre Sampaio.
Segundo estimativa da organização da Olímpiada, há a necessidade de 12 mil novos hoteis para suprir a demanda de turistas na cidade durante os jogos. Atualmente, a cidade do Rio de janeiro possui 32 mil.

Até 2016, o setor pretende ofertar entre 8 mil e 10 mil novas unidades em hotéis e entre 3 mil e 5 mil quartos em navios de luxo. Sampaio cita que 11 empreendimentos parados atualmente por problemas de contrato, de crédito ou judiciais, poderiam ajudar a criar nova oferta. É o caso do Hotel Nacional, fechado desde os anos 1990 e cujo leilão deve ocorrer novamente em novembro.

A prefeitura, que havia obstruído o leilão anterior, vai abrir mão do IPTU atrasado, disse o diretor da Abih. Ele avalia que o planejamento da expansão hoteleira deve ser coordenada com a atração de grandes eventos culturais ou esportivos para que os hotéis não fiquem vazios após a realização dos jogos. A hotelaria está preocupada em não haver demanda para depois. Precisamos de um calendário de eventos mensais, disse Sampaio.

O setor já conversa com o BNDES para modificar algumas regras de financiamento, como o alongamento do prazo de financiamento e o pagamento do crédito de acordo com a sazonalidade da ocupação. O setor negocia com o banco um crédito de R$ 5 bilhões para a construção de hotéis em todo o país. O valor equivale a 80% do investimento previsto em termos nacionais, mas Sampaio projeta que 50% do crédito será usado em empreendimentos cariocas. A rede Windsor, com nove hoteis na cidade, planeja mais cinco.


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